quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O testemunho de Dom José D'Angelo Neto

Quando Pe. Alderigi faleceu, Dom José D'Angelo Neto, então arcebispo de Pouso Alegre, publicou o seguinte artigo no jornal "Semana Religiosa". Este artigo, com data de 5 de outubro de 1977, é uma bela síntese daquilo que significaram a vida e o ministério presbiteral do Servo de Deus Padre Alderigi. Vale a pena conferir e saborear a profundidade deste testemunho!


Padre Alderigi: um presente de Deus
“Entregamos a Deus, no dia 3 de outubro, às 23.30 horas, o presente que Ele dera à humanidade: Monsenhor Alderigi Maria Torriani. Entregamos-lhe porque nos pedira, porque mais do que ninguém tinha direito sobre ele, porque lhe pertencia mais do que a nós. De outro modo, gostaríamos de tê-lo sempre presente entre nós para continuar a ver nele, em sua bondosa figura, em sua fisionomia simples e alegre um reflexo da bondade de Deus Pai que, através dele, sempre nos convidou também à bondade, à simplicidade, à santidade.

Um homem que se entregou a Deus

Foi um HOMEM DE DEUS. Em todos os seus atos, os mais simples, procurou sempre conhecer a vontade do Pai. Basta lembrar aqui que foi sempre um HOMEM DE ORAÇÃO. Pode-se dizer sem exagero que chegou a cumprir literalmente o que Jesus recomendou: ‘é preciso rezar sempre e nunca deixar de rezar’ (Lc 18,1). Tinha sempre seu terço nas mãos, principalmente agora que tinha de permanecer longas horas em uma cadeira ou leito. A obediência que prestava a seu Deus era verdadeiramente extraordinária a julgar pela obediência filial e até escrupulosa que prestava a seu bispo.

Amor e obediência total à Igreja Católica Apostólica Romana
Foi um HOMEM DA IGREJA. Para não me alongar, lembraria apenas a preocupação que tinha por conhecer todas as determinações do Magistério e as prescrições diocesanas. O esforço que fazia para adaptar às necessidades pastorais de hoje, para conhecer o espírito e as orientações do Concílio Vaticano II. A aceitação de todos os movimentos que surgiram nestes últimos tempos e que ele fazia questão de levar logo a seus paroquianos, ainda que pudesse sentir dificuldade em acompanhá-los. Superava estas dificuldades de um modo admirável e edificante para os sacerdotes mais jovens.

"Todas as vezes que fizestes isto a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes" (Mt 25,40)
Foi um HOMEM POBRE E DOS POBRES. Nada possuía na vida. Ele mesmo dizia em sua última enfermidade, sem perceber que proclamava uma grande virtude, pois falava mais para ressaltar a bondade de Deus e dos outros. ‘Tive sempre minhas mãos abertas para todos’, dizia, ‘nada retendo para mim e, agora, Deus e os homens abriram suas mãos com tal generosidade que nada me falte e tenho o que nunca tive na vida’. Tinha uma grande alegria e um prazer imenso em dar aos que nada tinham, aos que batiam em sua porta pedindo pão, remédio, roupa. Foi mesmo explorado por causa de sua bondade. O importante, porém, é ressaltar aqui que sua amizade aos pobres foi uma consequência de seu amor a Deus, a Cristo que ele sempre viu em cada um que se encontrou com ele em qualquer circunstância. Por isso, era impressionante o respeito que ele tinha pela fama dos outros. Nunca falava de alguém. Tinha mesmo o costume de fazer esta recomendação aos que o procuravam para receber bênçãos: ‘não fale mal dos outros’.

Na confissão, o perdão de Deus
Foi HOMEM DO CONFESSIONÁRIO. Verdadeiro Cura d’Ars, passava horas intermináveis em atender seus paroquianos e os numerosos romeiros de seu Santuário. Chegava a não tomar as refeições para que pudesse ficar à disposição dos penitentes. Substituía frequentemente seu almoço por uma fruta e um pedaço de queijo que comia ali mesmo para que o tempo não escasseasse para o ministério.

Um intercessor junto de Deus
Não o esqueceremos. Sabemos que o perdemos aqui para ganhá-lo como intercessor junto a Deus. Sua vida foi coroada por uma morte santa. Quis Deus enriquecê-lo de méritos numa longa e dolorosa enfermidade que ele mesmo desejou e chegou mesmo a pedir para que se assemelhasse mais ainda a Cristo Sacerdote.

Deus o tenha nos céus como nosso intercessor e nos dê novos presentes como este que ele nos deu há 82 anos para o mundo ficar melhor e fê-lo seu sacerdote para a Igreja cumprir melhor sua missão”.

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