domingo, 27 de fevereiro de 2011

Padre Alderigi e o abandono à providência divina

Você já percebeu que queremos ter tudo sob nosso controle? Notou que queremos ser sempre os protagonistas de tudo o que acontece em nós e ao nosso redor? Já se sentiu fraco e desanimado ao deparar-se com seus limites e fraquezas, os quais o impediram de ser senhor de todas as coisas? Acredito que estas sejam experiências muito presentes na vida de todos nós!

Padre Alderigi, no Santuário de Santa Rita,
em Santa Rita de Caldas
Jesus conhecia bem estas tendências do coração humano. Por isto, afirmou: "... não fiqueis preocupados, dizendo: Que vamos comer? Que vamos beber? Que vamos vestir? Os pagãos é que procuram estas coisas. O vosso Pai, que está no Céu, sabe que precisais de tudo isso. Pelo contrário, em primeiro lugar buscai o Reino de Deus e sua justiça, e Deus vos dará, em acréscimo, todas estas coisas. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá as suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade" (Mt 6, 31-34). Com estas palavras, o Salvador convida-nos a deixar de lado o excesso de protagonismo e acreditar na providência do Pai celeste que conhece todas as nossas necessidades e cuida de nós.

Um observador desatento poderia, porém, pensar que Jesus propõe a ociosidade e ensine a cruzar os braços e nada fazer, esperando que tudo caia do céu. Mas, não é isto que Ele diz! Não existe contradição entre confiança na Providência e luta constante. É necessário agir, trabalhar, dar o seu melhor... mas, com a total convicção de que estamos nas mãos de Deus e que, sem Ele, nada podemos fazer.

Anjo com a cruz
(Ponte Sant'Angelo - Roma)
Tal realidade promove esperança e coragem para as batalhas quotidianas e, ao mesmo tempo, gera paz e serenidade ao coração, pois evidencia o justo lugar do ser humano. Ele é um filho amado de Deus e não o próprio Deus! Por isto, o cristão se distingue pela absoluta confiança no Pai celeste como fez Jesus. Ele viveu com os pés bem firmes na realidade e atento às mais profundas necessidades dos irmãos, mas com o coração totalmente ancorado nos céus.

O Servo de Deus Padre Alderigi compreendeu bem esta lição de vida cristã! Homem de intrépido trabalho, jamais deixou de fazer o que deveria fazer. Antes, fez até mais do que podia, a fim de socorrer os fiéis em suas necessidades espirituais e materiais.

Montagem de fotos:
Padre Alderigi e Santa Rita
Diante dos problemas e angústias pessoais dos que acorriam a ele, Padre Alderigi convidava a elevar o olhar e o coração a Deus através da oração. Até mesmo quando as pessoas contavam-lhe que alguém havia falado mal dele ou feito alguma fofoca, este sacerdote convidava quem havia trazido a notícia a ir, com ele, à capela do Santíssimo Sacramento. E lá, dizia: "Vamos rezar, juntos, por quem falou mal do padre e por você, que veio fazer a fofoca!" Ele sabia que este relacionamento com Deus era capaz de mudar as atitudes das pessoas.

Outras vezes, tal postura de confiança em Deus se manifestava nas ocasiões de suas necessidades econômicas. Ele mantinha contas nas farmácias da cidade, nas quais colocava os gastos com remédios para os que lhe pediam. Quando as contas chegavam em casa e ele não possuía o dinheiro necessário, ia até a igreja e lá colocava as notas fiscais debaixo da imagem de Santa Rita e dizia: "Os doentes são seus e não meus". E, através da oração, conseguia o dinheiro necessário que sempre lhe chegava através de alguma inesperada doação.

Cactus florido
Era assim que Padre Alderigi sempre insistia para não perder jamais a atitude filial de plena confiança na ação providencial do Pai que vem em nosso auxílio e jamais abandona. Mesmo diante dos mais graves problemas, ele incentivava a não perder a fé no Providente Senhor, pois sabia que verdadeira era a palavra de Jesus: "Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém, eu digo-vos: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no fogo, muito mais Ele fará por vós, gente de pouca fé!" (Mt 6, 28-30).

Por que, ao invés de sofrer desejando resolver tudo de uma vez, ou querendo ter tudo sob controle, não damos mais espaços para a ação de Deus, em nossas vidas? Por que não fazemos o melhor que podemos hoje, sabendo que o amanhã a Deus pertence e que "basta a cada dia a própria dificuldade"?

Que o bom Padre Alderigi nos ajude a interpretar nossa existência sob a ótica do abandono à providência divina, com a certeza de que até de espinhosas realidades, Deus pode fazer brotar belas e perfumadas flores!

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